O peso dos pensamentos - #grupodeescritamatinal - 2022

 



--- Textos produzidos pelas pessoas participantes do Grupo de Escrita Matinal conduzido por Liana Ferraz

--- Inscrições e informações https://www.liv.us/grupo-de-escrita-matinal 

***






O peso da minha mente, às vezes, me catapulta para um outro estado de espírito, às vezes faz a luz se apagar, escurecer. 

Eu já tive medo do escuro, eu já tive medo de me perder, eu já tive medo de sofrer. 

A mente, muitas vezes, não vive o presente. 

O futuro é logo aqui! Na minha cabeça, que me faz pensar e viver o amanhã

Fazendo planos, buscando panos para passar para mim mesma, quando eu começar a não realizar aquilo que me comprometi a fazer para mim e comigo.

A cabeça pesa e me deixa de ponta cabeça 

Ver o mundo de outra forma 

Por outro ângulo 

Parei!

Pensei na terapia. 

Tudo na vida, depois que você começa a fazer terapia, parece meio terapêutico. A vida e os pensamentos passam a ser terapêuticos. Tudo tem um porque. Mas será que realmente tem ou é a mente de novo comandando os meus caminhos e fazendo eu adaptar tudo para mim ? 

E se eu passar a não adaptar

A não me adaptar

O que será que pode acontecer comigo? 

O que será um corpo não adaptável neste mundo?

(Giovanna Romanelli)


***


Acordo,

Quem?

Cabeça toma a dianteira

quer impor velocidade ao corpo

eu tenho um corpo?

quase me esqueço.


Cabeça excesso

corpo falta

sinto sua falta


a cabeça carrega o corpo

ou corpo a carrega?


rigidez

falta de mobilidade

cabeça que torna o fluir mais desgastante

cabeça

peso do passado

dos medos

do devir idealizado

corpo cansado

cabeça disforme

corpo desencaixado

conflito


cabeça inchada


cabeça-balão

x

cabeça pedregulho


Cabeça-balão

inflada pela imaginação

imaginar é possibilidades

sem limites

é livre

não há obrigações

sem seta e alvo


Cabeça pode carregar o corpo

para lugares impossíveis

os mais sublimes


cabeça-balão

a cabeça que carrega

o corpo que sente

a brisa

o corpo que aprecia

a visão


sinto

cabeça-balão

corpo confia

é confiança

não submissão


(Eveline)


***

As vezes penso.. 

Mas não era isso.. isso é chato demais 

Queria sentir

Ufa! Eu posso 

Isso me resta 

Minha respiração ofegante

O peso nos ombros

O olhar cansado e já embaralhado

O choro entalado 

Os barulhos de fora são chatos!

Mas esses aqui… 

Oh Deus! Me livra desses barulhos senhor!

O cheiro da chuva é bom

E as gotinhas caindo em meu corpo quente também 

Essa angústia e medo me paralisam 

Mas vejam! Não estou paralisada, posso me mexer 

Isso é bom!

Aquele patinho na lagoa faz silêncio 

Os sorrisos! Eles me deixam em silêncio. Aquele silêncio lá  bem no fundo, saboroso de sentir! 

Queria chorar, mas não consigo

Derramar essa água fervendo aqui dentro, a fim de derreter, e escoar todas essas tempestades

Mas aquela cena, aquela ..

O mar gelado, as casas do alto, a música… e eu, sozinha sentindo e admirando! 

Essa podia me visitar mais vezes..

Enfim, paz.


(Vanessa Kelda)

***

Sensações


São oito da manhã e o corpo sente.

Sente o pese o das decisões da mente.

Encerrando no calçado apertado,

sente o incômodo da roupa do trabalho,

Tão cedo e já amarrado, apertado e cansado...


Deseja na pele o arrepio da brisa...

na boca, o ardor de uma tequila...

do amante, sinceros olhares ardentes...


Respira! Sente o ar e acalma enfim!

O dia começa para mim. 

Se assente! Tudo isso são coisas mente!


(Sirlene)


***

O pensamento

neste fluxo alucinado,

sentimento embaralhado,

roteirizam minha novela.

Trama barata

não merece horário nobre,

medalha seria cobre,

mas me vejo inteira nela.


(Mariana Abreu)


***


Pensar é um peso (para mim)

Não pensar, apenas…


Mas pensar tanto,

Tão circular e negativa-mente.


Os ombros, não raro, sucumbem 

ao peso de uma cabeça legisladora e juíza de si mesma


Por carregar tal peso,

Agir já não é tão fluido, fácil, feliz…


Peço: deixe-se sentir!

Liberte-se de racionalizar, sempre, tudo, tanto…


Inclusive este texto-fuga-abrigo


Com o tempo os motivos se ofuscam.

Os sentimentos, não.


(Juliana Pires)


***



(Nina Giovelli)

***

Penso, logo peso. 
Pescoço pesa, pescoço pedra. 
Torcicolo. 
Mente pede colo. Cérebro pede pausa. Corpo, movimento.

(Giana)

***


(Cláudia Suzano)

***

Torpor autoprogramado

Sentia como se os pés a arrastassem.
Há mais de ano, sobrevivia conduzindo o corpo para onde ele deveria fisicamente estar. Aprendera a esboçar sorrisos automáticos como resposta a comentários e cumprimentos mal escutados. Cada pedaço de si implorava para permanecer deitada na mesma cama que a abrigara por dois meses inteiros depois da pior notícia de sua vida, entupida por indutores de sono e no aguardo da morte que não tardaria em chegar.
Não podia mais.
A vida continuava, e era preciso recomeçar e enxergar o que ainda havia de bom, embora seus olhos clinicamente saudáveis apenas identificassem vultos em seu campo de visão, borrões a que deveria reagir, mas que não tinham para ela qualquer significado. O mundo não tolera dores perpétuas, nem espera a cicatrização de feridas.
Seu afastamento do trabalho terminara, o aluguel não se pagaria sozinho e as despesas se retroalimentavam mesmo que não fosse capaz de sair do lugar. “Tudo passa, a dor vai se transformar em saudade, o tempo é remédio”. Ouvia as palavras e assentia, mas sabia, desde o dia em que a dor a modificara para sempre, que não passavam de conselhos pré-fabricados de quem nunca seria capaz de entendê-la. Construíra uma casca em torno de si e lançara-se para frente sem nada ter deixado para trás. Guardara-se cuidadosamente de tudo que fosse capaz de despertá-la do torpor. Tornara os próprios sentimentos inacessíveis até para si. Evitava qualquer vislumbre de emoção, para não acionar gatilhos capazes de fazê-la experimentar, outra vez, a dor da consciência de viver onde seu filho não existia mais.

(Fernanda França)

***

É Pele 
É toque
É tudo que cabe dentro 
Mas inevitavelmente 
Transborda
Extropla
Insinua
Pois é calor
Suor
Tremor
É meu corpo
Mas eu o entrego 
Eu o ofereço à vida
Ando
Pulo
Exercito 
Gero
É um mover-se
As vezes sem sair do lugar 
Pois a cabeça pesa
Ou ela voa
Ou ela simplesmente anestesia
E o corpo  não aguenta 
Segurar 
Apoiar
Levantar
Só resta
Separar
Dissociar
Surtar
Quebrar

(Carolina Carvalho)

















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